Bebia a água de coco só para brincar com o canudinho. Gostava de procurar estórias nas paisagens que via pela abertura circular. Um pedaço de árvore. Primeiro, o verde da folha, depois, o caule. Caule, caule e a areia. Paisagem interrompida pela impaciência da vista monocular. Agora, a árvore inteira plantada na praia. E o mar. Ah, o mar! Ele não cabe no canudo. Azul, azul, azul. Não há parte. Cada parte é um inteiro azul. Cada porção é ele todo. Mira, como miravam os descobridores desta terra esquecida. Azul. Em cima, embaixo, pelos lados. Abundância. Como medir o infinito em cinco milímetros de diâmetro? Circular. Uma bola azul. Uma cápsula. Invólucro plástico. Remédio que bebe com os olhos para sair do lugar, para esquecer-se, para ser o criador daquilo que vê.